
Foto de Luis Robayo, Pool/AFP
Não vi a luta. Queria ter visto. Amava Ali e Sugar Ray Leonard. Embora não suporte o sangue no ringue, como um paradoxo, amo a dança, a bravata, o controle, a espera, o instante decisivo dentro do esporte.
Talvez Hebert Conceição tenha votado ruim na política, sei lá. Mas essa virada na luta pelo ouro contra o ucraniano Oleksandr, na categoria peso médio, me fez vibrar por ele. E por dentro. Tão a vida da gente, não? Virar o jogo quando tecnicamente você já o perdeu.
Não tenho nada contra histórias de superação, metáforas do esporte pra vida, nada mesmo. Se os neoliberais quiserem usá-las pros seus propósitos, muito que bem. Mas eu tenho os meus, no inabalável eu. E talvez seja principalmente isso a olimpíada no fim das contas, um grande, novamente paradoxal, circo exemplar da existência.