Um filme sobre Ken?

Digamos que a indicação ao Oscar de Ryan Gosling como melhor ator por “Barbie” está de bom tamanho, já que o filme constrói a jornada do personagem por ele representado rumo à aceitação

“Barbie”, de Greta Gerwig, me pareceu evocar “Mulheres perfeitas” (The Stepford Wives), o ótimo filme de Frank Oz. São rosas plásticas muito semelhantes por toda parte naquele filme de 20 anos atrás, responsável por encenar uma revolução de mulheres. A diferença é que, sem fazer publicidade de produto, o longa de Oz ousou tornar os personagens masculinos vilões malsucedidos em mecanizar suas esposas. “Barbie”, pelo contrário, transformou Ken em herói, construindo sua jornada rumo à aceitação.

Alguém disse pelo Instagram que, apesar de ter sido aplaudido por seu alegado feminismo, Barbie levou o patriarcado de Hollywood a indicar Ken (o ator Ryan Gosling), não Barbie (a atriz Margot Robbie), ao Oscar. E eu penso que agiram logicamente. No fim das contas, é um filme sobre Ken.

Não sei se a Robbie, igualmente produtora do empreendimento bilionário, tem razões pra reclamar, tamanho o número de indicações que o filme recebeu. Ok, Greta Gerwig não foi levada em consideração, mas quando a gente constata que Frank Oz, tampouco, a menção a Ken fica de bom tamanho. Por fim, o que Robbie e Gerwig dizem sobre o massacre de mulheres em Gaza, só pra saber?

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