Sofro com a virose que me toma há alguns dias, mas, sinceramente, sofro mais (a mente, os nervos) diante do assassinato cotidiano.
Mulheres degoladas, apedrejadas e concretadas por quem há muito dispensou o respeito por seus corpos.
A polícia que é a mesma, indigna em qualquer lugar do mundo, massacrando os velhos argentinos sem dinheiro para comer e medicar-se.
As árvores garroteadas e tombadas em decorrência da inação do podre poder público municipal, como se fossem tão-somente empecilhos à urbanidade.
Os sem-teto estendidos na calçada, tratados sem qualquer cerimônia pelas peruas de remoção e pelo vice-prefeito (vice? prefeito?), que resolveu mirar em Padre Júlio nas redes sociais.
Estudantes vistos como cachorros pelo Grande Laranja porque ousam protestar contra o genocídio palestino.
O genocídio palestino.
Há dias nos quais não damos conta de nada, de nadinha que parta da humanidade. E mesmo assim, se não combatermos por ela, quem seremos? Como viver? Lutar é meter a cara nas chamas para apagar um incêndio que não cessa. Lutar queima, lutar dói. Ah, se houvesse trégua para lutar.