As perfumarias aqui do centro têm imensos corredores vazios com prateleiras cheias de ofertas. Por isso não entendi a fila de hoje de manhã, que se dobrava muitas vezes na entrada da loja.
Estariam vendendo ingressos pro samba? Sorteando presentes? Contratando lojistas?
Cheguei-me à menina de top e shortinho acompanhada de uma senhora de óculos que talvez fosse vizinha ou parente, evangélica, possivelmente, e perguntei:
– Black friday?
– Não.
– Vão dar presentes pra vocês?
– Que presente o quê! Até parece que eles dão alguma coisa pra gente. Vamos é comprar na promoção.
Não perguntei mais. Precisei me recuperar da cutucada existencial. De onde viemos, onde estamos e pra onde vamos a bordo de nossos carrinhos de Impala e Monange?