na Liberdade, em março de 2018
Sou Lula 3 até o fim.
Porém me aborrece sua gestão cultural, por variadas razões.
Como explicar que tenha ignorado a cultura do campo, por exemplo?
Por que não designou um representante do MinC para debater política cultural na Feira Agrária do MST, hoje em São Paulo, apesar dos insistentes pedidos da organização do evento?
Presente a uma mesa-redonda à qual também compareceu o músico, dançarino e pesquisador Antônio Nóbrega, a líder do MST no Pará Maria Raimunda César de Souza foi na veia: o governo não esteve lá porque sua política pública para a cultura inexiste no campo.
E mais.
Segundo Raimunda, o agronegócio não precisa mais dar tiros no peito dos sem-terra o tempo todo. Ele já entendeu que matar um militante não mata sua ideia. Sua arma agora chama-se indústria cultural: basta que ela destrua um patrimônio imaterial de gerações para que o trabalhador não se reconheça em comunidade e vá procurar pertencimento em outro lugar-armadilha.
(Resumindo, Gusttavo Lima na Globo destrói o homem do campo de forma mais eficiente que um lança-chamas.)
O que falta ao governo, diz Nóbrega, é construir uma política cultural popular de fato, longe dos balcões de negócio. Sem essa orientação geral, vai ser muito difícil assegurar uma corrente de culturas populares, já mantida a muito custo por gerações de populações subalternizadas.
Fiquei muito tocada por esse debate, que em verdade parece eterno no Brasil.
Se perdermos a cultura, perderemos a chance real de fortalecer nossa democracia e torná-la duradoura.
Que tal dar ouvidos ao MST também no campo cultural, Lula?