
Sempre achei difícil definir meu encanto pelo @paulonettocantor. Mas hoje, depois de assistir a seu show “Coração Selvagem”, entendi melhor minha afeição pelo artista. Ele, pernambucano, interpreta no show o repertório musical saído da rádio da vizinha em Condado, onde nasceu. A vizinha o intrigava: como poderia cantar feliz aquelas histórias tão tristes? Mas eu, nascida aqui em São Paulo muitos anos antes, ouvia a mesma ladainha nas férias nordestinas, e minha vontade era, pelo contrário, sorrir diante de letras tão originais que pareciam derramar-se! Desde o sol, naquela região do Brasil, tudo se espalha, comove, brilha, engrandece.
Como explicar? É prazeroso o desmanchar-se. E talvez você só consiga entender isso direito quando o próximo show “Coragem” aparecer, ou o novo álbum de Paulo Netto sair. Será possível perceber então como ele interpreta com amor sentido os muitos momentos da canção profunda brasileira, seja de Márcio Greyk (“Impossível acreditar que perdi você”), Fernando Mendes (“A desconhecida”), Tierry (“Gerusa”) ou dele próprio com Martins (“Nossa dança”), legando-nos sempre um sorriso na intensidade, como a provar a distância mínima que existe entre uma lágrima, uma gargalhada e o dia quente sobre as calçadas de pedra onde se dão as serestas.