Sob o sol de rachar, o preto africano de túnica vê o branco sem camisa estendido em um pequeno canteiro da rua Barão de Itapetininga, centro de São Paulo.
O descamisado, que no entanto calça tênis, tem um pano enrolado na cabeça e pede esmola em voz alta. O preto africano lhe oferece uma garrafa de água tampada, que mal começara a beber. O maltrapilho grita, balançando a cabeça: “Quero isso não! Você está suado, porra.” O africano em túnica brilhosa parece não entender, recolhe a garrafa e segue em frente.
A estrutura do racismo brasileiro é macabra, gente. Desenhada todos os dias pra gente ver.