Capitães de abril

A Revolução dos Cravos por quem a fez e foi esquecido, segundo relata a diretora Maria de Medeiros em “Capitães de Abril”, presente na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo

Capitão Maia, representado por
Stefano Accorsi: mais um herói esquecido

Muitos brasileiros talvez ignorem que a Revolução dos Cravos, em 25 de abril de 1974, aquela responsável por libertar os portugueses de uma ditadura de 41 anos, foi militar. Como assim, militares bons!? Mais ainda, talvez não desconfiem que integrantes subalternos do Exército português fizeram essa revolução – para no fim serem invisibilizados e esquecidos hierarquicamente por seus generais.

“Capitães de Abril” (2000), de Maria de Medeiros, explica esse processo de maneira iniludível. Ela é uma intelectual como muitos de seus posteriores não conseguiriam ser. Seu senso de popularidade hollywoodiana (trabalhou em “Pulp Fiction”, entre outros feitos) ajudou-lhe a erigir um monumento histórico português que não prescindiu do humor. Os heróis da revolução retratados em “Capitães de abril” foram substituídos, no calor dos fatos, por militares de alta patente. Morreram jovens ou muito doentes. O fato de Medeiros tê-los ressuscitado para o cinema a coloca no prumo heróico. Sim, Maria é poder.

Capitão do bem versus general do mal

Filha de um pianista, irmã de duas mulheres artistas, ela fez aqui a proeza de filmar todos os heróis em closes de ação. Não são portugueses, contudo, os atores escolhidos para encenar a proeza: Stefano Accorsi, nascido em Bolonha, faz o capitão Maia. O capitão Manuel (Frédéric Pierrot) nasceu na França e Lobão (Fele Martínez), na Espanha. Contudo, há um acento português nos seus intentos puros. Filmada de perto, a “malta” de Medeiros é um trunfo historiográfico e um acerto artístico. 

A diretora Maria de Medeiros

Sessão no Frei Caneca System 6 (às 19h15 do dia 28)

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