Só nos cruzamos por toda parte

E se um dia você fosse o fotógrafo Alécio de Andrade e recebesse esta carta de Julio Cortázar?

“Caro Alecio, não estarei em Paris por ocasião de sua exposição no Espace, mas a imaginarei à minha maneira em algum lugar de Cuba ou da Nicarágua. Se durante o vernissage acontecer que o empurrem suavemente, pense que se trata de minha longínqua mensagem de amigo, e responda com um tapa nas costas, de modo que eu também receba o eco mental. (Aliás, é mais barato do que o telefone.)

Você não ficará muito surpreso com minha ausência, pois já faz alguns anos que só nos cruzamos por toda parte. Bem, toda cruz cria um ponto central de intersecção, e entre nós esses pontos se chamam cumplicidade e pertencimento à raça inamovível dos cronópios. Eles também se chamam Paris, cujas fotos fizeram a mais maravilhosa das acupunturas.

Aí está, você vai ver que em breve nos cruzaremos de novo. Vamos tentar fazer melhor, encontrando-nos exatamente no ponto central, onde espero que haja um bistrô.

Seu amigo Julio”

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