Certo.
Seu último filme nem vai ser lançado.
E o Woody Allen provavelmente vai morrer sem filmar outra vez.
Não que ele fosse o supra-sumo na direção, claro.
Mas era um humorista dos bons, sem dúvida.
Ficamos sem Woody Allen, então.
Ok!
Não se luta contra a corrente.
Ou talvez seja mais que isto.
Talvez, enfim, o humor não faça mais sentido pra ninguém.
Em lugar dele, chegamos à virulência, à gritaria, à prazerosa ofensa.
Jingle bells!
Bolas da vez!
A palavra obsessiva na direção de um único alvo.
Talvez a comédia toda tenha se tornado um desbarato.
Até uma humilhação, como quer nos provar a Hannah Gadsby naquele especial da netflix (sem conseguir, felizmente, no meu caso; a propósito, depois de destruir a comédia, que outra bandeira ela desejará erguer?; aposto que fará outro especial daqui a uns dez anos convidando a comédia a subir ao palco outra vez).
E aí eu me lembro que a Oprah Winfrey impulsionou esse movimento em que se pode mirar uma acusação contra um humorista, mesmo que ele tenha sido anteriormente absolvido pela justiça, e ainda ganhar toda a credibilidade política.
(Ah, às vezes tenho vontade de acender minha hashtag interior e apontar a vocês todos os jornalistazinhos do mal, minúsculos literais, que me acompanharam na vida profissional, tantos deles, esquerdistas; mas duvido que vocês fossem acreditar em mim, não pelo menos como acreditam na Mia Farrow; e haja dinheiro e paz de espírito pelo ralo dos tribunais, eu, hein?)
Facts are facts.
A Oprah se lançou contra Allen.
Mas o que fez com João de Deus?
Hum.
Abraçou.
“Interpretou”.
Com aquele seu sexto sentido de apresentadora de tevê para o charlatanismo.
Fato!
Senso de espetáculo, que é o que ela sabe fazer belamente…
Conversadeira muito inteligente, que imitou o sofá da Hebe por décadas!
Estranho o seu senso do que é espetacular.
Não vejo (digam que me engano) a Oprah gritar por aí a plenos pulmões o erro que cometeu neste caso.
Vai ver não viu graça, hahaha.
Depois que as acusações contra o Deus se tornaram inevitáveis, ela o tirou de sua página e acabou.
Muito correta!
E, claro, não libertou o Allen.
Não mesmo.
Ele não!
Porque isto parece impossível & inconveniente & estúpido demais neste momento.
Certo.
Mas eu sou desconfiada.
Acho que a história ainda chafurdará este detalhe insípido.
Por uma razão.
Sua lata de lixo nunca parece suficientemente cheia.
E ela vai desprezar logo quem insuflou João de Deus enquanto enterrava Woody Allen?
Duvi-de-o-dó.
A história!
A voracidade é tanta, gente.
Working in progress violento.
Queria pagar ingresso lá na frente.
Mas não sou nada, nunca serei nada…
Ou quem sabe dá tempo?