Tive de travar inesperados embates com manicures durante a eleição no ano passado.
Trabalhadoras de salão, mas não registradas por ele, as moças que cuidavam de nossas mãos e pés em São Paulo absorviam o discurso classe média antiDilma das clientes, embora morassem na periferia e não fossem de classe média como aquelas que pagavam por seus serviços.
Bolsonaro lhes parecia então uma incrível solução: afastaria os petistas que destruíram o Brasil, segundo a análise de suas patroas e clientes, e não apenas isto: mataria também todos os bandidos e racistas que as ameaçavam nos bairros longínquos, tão logo assumisse o poder.
Hoje as manicures dos salões paulistanos acordaram sabendo que não poderão usar a MEI para trabalhar. E que estão desamparadas, perigosamente próximas do subemprego, enquanto seus filhos inocentes continuam na mira do bandido comum e do bandido policial militar.
Gosto de pintar minhas unhas, embora não saiba fazê-lo por mim mesma. Mas desisti de manicures de salão. Cansada de guerra, sei que a esta altura, em lugar de culpar Bolsonaro, elas jogam sobre o PT toda a culpa pelo estado de coisas.
Ou me engano?