O que mais me impressionou em “O Dilema das Redes” foi saber que adolescentes têm feito plástica para assemelhar seus rostos a filtros de instagram.
O filme me convenceu de que especialmente para as crianças e adolescentes as redes sociais podem ser arrasadoras, pois se trata de atingir com algoritmos maquiavélicos pessoas naturalmente indefesas, em fase de formação.
Mas fiquei com a impressão de que, de resto, eu já conhecia todo o mal que esses zuckerbergs da vida fazem a nós adultos via twitter, instagram, facebook.
(Há zucas também por trás da Netflix que exibe o filme, mas nele, claro, a plataforma de streaming não é identificada como uma rede…).
Dizer que nós (nossos dados) somos os produtos vendidos, já que não existe almoço grátis e não pagamos pelo uso dessas plataformas, é infelizmente sabido.
Dizer que querem prender nossa atenção e transformar em necessidades produtos antes nem mesmo percebidos por nós, igualmente.
(E, se pensarmos bem, essa ideia tem muitas décadas de estrada, desde a publicidade em rádio, cinema e tevê, aperfeiçoada, por exemplo, pelo nazismo…)
No campo político, o filme elabora que o erro a atingir fatalmente a nossa democracia ocidental será o da polarização incentivada pelas redes.
Mas não sei se polarização é uma boa palavra a usar nesse campo. O filme não traz estudiosos da política para aprofundar o tema.
O que vejo acontecer pelas redes sociais é uma reação (às vezes nem tão polarizada ou veemente) contra as fake news.
E qual outra reação exceto a polarizada poderia existir à livre circulação de notícias falsas?
Por que não há uma regulação para as redes sociais? Em nossos dias, elas trabalham extraterritorialmente, multiplicando-se com suas próprias leis e criando novos monstros políticos a partir da disseminação de fake news.
Se a democracia é um valor tão caro ao Ocidente, alguma regulação já deveria ter começado.
Ou a democracia não é mais um valor a preservar?