Amanhã será engraçado o que hoje foi triste.
Então riremos muito dessa atitude melancólica do Will Smith, que, no Oscar deste ano, socou o apresentador Chris Rock porque fez uma piada sobre sua mulher.
Uma piada fraca, é verdade, francamente estúpida, mas que não matou ninguém. O humor não nasceu pra matar, razão pela qual é desproporcional a agressão física para responder à piada de alguém. A única maneira justa de responder à piada ruim é com uma piada melhor.
Will Smith nasceu da comédia televisiva, onde é preciso improvisar. Mas naquele momento, tocado pelo sofrimento da mulher, esqueceu-se como faz. Ou estava bem alterado. De toda forma, é um grande ator ou não é? Parece que sim. E a cerimônia do Oscar é trabalho, exige improvisação. George Clooney, que surgiu para a fama como galã numa série de tevê sobre um pronto-socorro, é bem mais rápido neste quesito, e melhor.
A agressão do Will Smith, francamente, pareceu-me coisa que vi muito no nordeste brasileiro, onde o macho vai tomar satisfação quando um engraçadinho faz pouco de sua mulher, sua propriedade.
Deixasse Jada, ela própria, responder à piada ruim, certo?
Ou respondesse ele depois, com o Oscar na mão.