Me dê motivo

O corpo pesa. Cadê energia pra reescrever o texto titubeado e, ainda por cima, encontrar um título. Atraso a leitura do calhamaço pra resenha. As pedras rolam devagar. Bocejo. Colocar toda a roupa no varal foi Sísifo. Vou à hidro depois de ontem? Meu entrevistado me encostou na plateia. E eu, nesta vida, sempre tão boazinha pros outros. Inferno. Água morna. A prófi tá séria. Eu diria braba. Não pergunta nada, não conversa, não converso. A aula começa com Alceu Valença: tu vens, eu já escuto teus sinais. Depois Lulu: tudo muda o tempo todo no mundo. Tim: te espero para ver se você vem, não te troco nesta vida por ninguém. Percebo que a música popular do meu passado é só charme pela reconquista. A sedução humilhada em troca daquele quartinho com cama dos fundos. Nunca desistir de quem nos chutou, senão onde iremos dormir? Me dê motivo pra ir embora. Capoeiramos. A aula vai ser só MPB hoje. Talvez eu fique melhor. Na última, o pop Transamérica distraiu meus pensamentos. Prófi queria seus alunos relaxados pra domingo, mas agora se sente puta por ter acreditado nesses perus e bacanaços. Haja sequência subliminar pra importunar os véi. Abdominal vai fazer a barriga de vocês doer amanhã. Vocês estão trocando a mão pelo pé. Eu só faço hidro porque me sinto bem depois. Faltam dez minutos pro alongamento. Cinco. Três. O que será que vem? De olho nos teus sinais. Tu vens. Call me Elvis. We can’t go on together with suspicious minds. Gosto da parte em que, depois de esticar o braço, bato na água com força: toma, minion! Nós a aplaudimos. Ela nos aplaude de volta. Depois que suspiramos, o aviso: esta é a minha última aula pra vocês.

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