Desabo, desabafo

Semana intensa que desaba em tontura na manhã de sábado, quando nada é urgente e se espera descansar.

Temos.

Mas temos também:

  1. Crianças vendendo bala pelos bares do centro, cobertas de moletons finos, na noite gelada de sexta.
  2. Três enormes peruas brancas de “apoio à remoção” da guarda civil militar paradas na praça Dom José Gaspar findo o dia, o que significa que quem dorme na rua não vai ter onde dormir.

Apoio à inclusão? Acolhimento aos miseráveis deitados de cara pros Oxxos?

Não temos.

Eu acho que às vezes simplesmente acordo em vertigem por não ter colocado um colchão para essas crianças em sacrifício dormirem aquecidas na minha casa.

E às vezes acho que quem precisa de remoção imediata desse mundo ruim sou eu, que jamais serei Zilda Arns nenhuma, padre Júlio nenhum.

Mas passa.

Passa sempre.

Dou barras de cereais ou pão ou o que seja para os meninos que me abordam pra vender. Converso com eles, se me deixam.

Até cantar eu sei.

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