Dark post

Aprendi coisa nova ao ver o documentário de Thomas Hunchon “Driblando a Democracia”. https://vimeo.com/295576715

A novidade para mim é a expressão “Dark post”.

Trata-se uma mensagem fake subliminar, em forma de meme, enviada a tipos cujo perfil se apreende pela análise de dados do face.

Empresas como a inglesa Cambridge Analytica rastreava uns cinco tipos psicológicos de usuário/eleitor. E neles disparava esses posts, que eram breves (subliminares), tempo suficiente na rede para não permitir a identificação de sua origem.

Um exemplo no documentário é o fake em que Hillary “advoga” o fim do porte de armas nos Estados Unidos. O meme tinha basicamente duas fotos, uma de uma bela arma e outra da Hillary bem feia.

Os disparos fake aconteciam (no caso do Brexit e da campanha de Trump) se houvesse uma condição básica no usuário: uma inclinação ao voto conservador, mesmo que não declarada (porque os likes do face e os “joguinhos de personalidade” podem indicar até isso).

A Cambridge tinha predileção em disparar fakes ao tipo “neurótico”, enraivecido, vocativo, por se tratar de um difusor. A partir dele, o meme fake atingia toda a rede de inclinação conservadora.

As mensagens da Cambridge eram sempre reaças. A empresa tinha como testa de ferro o Steve Banon. Mas ele não era o criador da ideia de disparo (ilegal) pelo face. O gênio do mal, fundador da empresa, era Robert Mercer, um direitista que saiu da IBM para criar algoritmos a empresas que atuavam na bolsa.

Mercer lutou para desarticular o financiamento legal de campanhas nos EUA. E conseguiu em 2010, por meio de uma determinação do Supremo, que um conselho pudesse fazer doações.

Mudou a eleição americana ao comandar a campanha de Trump e disparou a ameaça à democracia. Ou o drible.

Não se trata, então, de um espertalhão a oferecer serviços de manipulação tecnológica aos políticos. Trata-se de um articulador político que vende seus serviços pelo bem de uma ideologia que deseja fazer vingar.

O triste é pensar que ele tenha estudado a eleição presidencial indireta americana e decidido que três Estados com maior proporção de indecisos (Michigan, Wisconsin e Pensilvânia) tivessem potencial de virada. Trump fez toda a campanha neles e ganhou por meio deles.

Posteriormente, o face teve de explicar sua associação com a empresa. Zuckerberg classificou a participação nesse massivo fake trumpiano como um erro de segurança. Mas funcionário da Analytica ao depor diz que teria sido impossível a associação sem o conhecimento do face.

A Analytica só cometeu um erro, o de não declarar que pagara a Steve Banon pela campanha de Trump. Isto a inviabilizou nos Estados Unidos.

E no Brasil?

E o WhatsApp?

Pessoalmente nunca recebi um dark post. Mas conheci muitos deles por meio dos parentes/“amigos” reaças do tipo “neurótico”. Nunca achei que aquelas grosserias pudessem convencer alguém além deles. E muito menos ganhar uma eleição.

Espero que Hunchon se interesse por nós. E por estender seu entendimento a outras redes. “Driblando a democracia” é muito bom, mas atualmente despencamos em poço ainda mais fundo.

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