
Peguei do amigo querido Marcos Gomes e traduzi correndo este trecho, por sua vez extraído do blog Calle Del Orco.
Não sabia o que Joyce pensava sobre Dostoievski, e aqui está.
“Dostoievsi contribuiu mais do que qualquer outro escritor para forjar a prosa moderna e levá-la a sua intensidade atual. Foi sua potência explosiva a responsável por destroçar a novela vitoriana, com suas trivialidades perfeitamente dispostas e todas essas donzelas que sorriem com afetação: livros carentes de imaginação e violência. Sei que existem os que apontem as ideias amalucadas de Dostoievski, até mesmo sua própria loucura, mas certamente os elementos manejados em sua obra – a violência e o desejo – constituem o alimento mesmo da literatura. Falou-se muito de sua condenação à morte, comutada quando estava a ponto de ser fuzilado, e de seus quatro anos de cativeiro na Sibéria: uma experiência que, apesar dela, não forjou seu temperamento, embora possivelmente o tenha exacerbado. Sempre se enamorou de violência, e isto é o que o torna tão moderno, e o que explica, ademais, que resultasse desagradável a seus contemporâneos: por exemplo, a Turgueniev, que detestava a violência. Tolstói simplesmente não via seu talento literário, mas “admirava seu coração”. Este comentário guarda muita verdade, porque, ainda que os personagens de Dostoievski atuem de maneira extravagante, quase enlouquecidos, seus entendimentos morais são firmes.”