Pasolini sobre Chaplin e outros fundamentais

Em 16 de abril de 1889, nascia Charles Chaplin. Aqui Pasolini escreve sobre a importância de Carlitos e outros diretores na formação de seu cinema:

“Não pertenço a nenhuma corrente cinematográfica, exceto de forma muito vaga.

Não sou profissional de cinema e por isso não fiz o noviciado, não estagiei, não tive professores, não me encaixei numa corrente. Eu vim de uma área completamente diferente e, portanto, agi de forma bastante irregular.

Mas eu tinha uma constelação de nomes comigo: em primeiro lugar eu diria Carlitos, seguido, mas em alguns aspectos diria até superado, por Buster Keaton. A outra constelação é a de Carl Dreyer, eu diria mesmo que é a mais importante de todas. E depois um artista absolutamente obsoleto para um diretor italiano, ou seja, o diretor japonês Mizoguchi.

Não sei se formam uma corrente, mas formaram, pelo menos nas linhas externas, aquela estrutura e aquele jeito estilístico típicos de mim. Tanto em Chaplin como em Keaton, em Dreyer e talvez em Mizoguchi, porque nunca estudei bem Mizoguchi em câmera lenta, faltam os típicos planos-sequência que são a principal característica do neorrealismo.”

PIER PAOLO PASOLINI em “Il mio sacro è qui”, ensaio de 1970 publicado por “Avvenire” em 2014

via Città Pasolini

Vida longa às palavras mudas

É estranho comemorar os 70 anos da edição um ensaio? Talvez neste caso não. Em 3 de setembro de 1949, a revista Life publicou “A grande era da comédia”, um texto de James Agee (acima) no qual o escritor dedicava estas palavras a Buster Keaton (no alto):

“O rosto de Keaton quase equivalia ao de Lincoln como o de um arquétipo americano. Ele era assustador, bonito, quase inacreditavelmente belo, ainda que engraçado de maneira irredutível. E tornava tudo melhor porque, ainda por cima, usava um chapéu horizontal, tão achatado e fino que lembrava um disco na vitrola.”