Certa feita entrevistei Marisa Orth.
No final dos anos 1990, a atriz começava a ser interessante aos globais.
Ficamos a conversar quase três horas no camarim.
A Marília Pêra enciumada.
Sua pupila em cena despertava atenção além do palco!
Mas, enfim, acho que pratiquei com a Marisa algo aproximado ao que ela estudara na PUC.
Uma psicologia.
Bem, eu não sei entrevistar ninguém.
Converso. Ouço. Analiso. Me atrevo.
E no geral dá certo.
(Não deu com o Vargas Llosa, grande escritor, grande pulha, mas tudo bem.)
Creio que a Marisa falou demais e que eu publiquei de menos.
E que esse equilíbrio é duro pra quem escreve.
Pouco espaço pra expressar tantas ideias conversadas…
Mas não só!
Há que considerar: são blefes ou ideias originais o que proferem diante de nós?
E por que destacaríamos o blefe, não as verdadeiras ideias, comumente más candidatas ao interesse público?
(Jornalismo dos anos 1990, friends. Não riam. Havia lugar pra exercer essas ponderações. Pasmem, com um editor que em tempos atuais virou uma das máximas expressões da direita política…)
Enfim, o que eu queria contar é que gostei muito da Marisa.
Pessoa da minha idade, divertida, reflexiva, essencialmente maluca como eu.
Porém me decepcionei…
Achei que o ego dela não iria tão longe, vê se pode!
(Sei lá, o meu nunca foi).
Perguntei-lhe a certa altura, segura de que três horas depois já a conhecia:
– Querida, como você aguenta trabalhar com o Miguel Falabella?
E ela não pensou muito.
– Entendo o que você quer dizer.
Eba!
– Mas sabe o quê? Viajo com ele pelo Brasil e sei como ele é famoso! Muito! Você nem imagina! Todo mundo conhece o cara!
Ai, meu deus.