A paixão que não se encerra

Henry Fonda em “Vive-se só uma vez”, de Fritz Lang, 1937

O vizinho de cima vive em festa.

Uma gente falante, que nem conheço, aos gritos pra se fazer entender, como um caminhão do MBL na paulista aberta. Gente de salto alto à noite e que me acorda com reforma intensa no sábado de manhã.

Lá fora, a rua vai enlouquecendo aos poucos.

Alguns gritos de mulheres contra os que parecem ser policiais.

Um som muito alto que, depois de um tempo, passa, como se tivesse sido instalado dentro de um carro em movimento.

Estou sozinha na sala, e os mosquitos começam a pegar minhas mãos.

Mas o filme que escolhi foi maravilhoso.
De Fritz Lang, com Henry Fonda.
E Sylvia Sidney, principalmente.
“Fúria”?
Não.
“Vive-se uma só vez”.
Cada plano, um estudo de fotografia, expressão, geometria, luz.
Enquanto rola a ação.
Fazer cinema policial-dramático nos EUA com tudo o que ele sabia!
Tão grandioso.
E planos muito diferentes uns dos outros.
O mundo engradado, como esta gaiola onde vivemos.

O dia foi bom por um lado.
Mais triste que bom.
Dizem que a única paixão que não se perde é a intelectual.
Bem, espero que me dure os anos todos.

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