tem hora que sinto falta de abraços específicos, de pessoas determinadas, estas que não estão ao meu alcance neste momento terrível.
viajo me imaginando nos braços delas.
e pensando: quando vou poder novamente encontrar alguém na rua que não vejo há muito e lhe envolver daquele meu jeito meio aloucado e constrangedor?
outro dia joguei de longe um beijo para uma sem-teto deitada na mureta do ponto de ônibus – depois, é claro, de lhe dar um dinheirinho -, e ela quase perdeu o rumo de feliz, e me jogou outro beijo à distância.
(como amo essas pessoas. fico imaginando se elas sabem que fazem muito mais por mim do que eu por elas.)
quem não quer viver de novo, ser alguém de novo, andar, cheirar, sentir, ao lado de quem desejar?
mas nem para pensar nessas singelezas a gente se sente livre.
parece coisa luxuosa demais (e indevida) desejar um abraço aleatório se nem sabemos como tirar aquela monstruosidade do poder e reiniciar o ciclo da vida…