O brilho da noite escura

Hoje, 19 de abril, Lygia Fagundes Telles completaria 99 anos. Ou seriam 102? Ela detestava que a vissem mais velha do que dizia ser. Compreendo isto, como compreendo muitas outras coisas, embora às vezes fosse difícil entender Lygia, ela mesma. Especialmente quando, sendo mulher, olhasse as mulheres com tamanha desconfiança – menos Hilda, claro, menos Clarice, menos Cecília, menos Lúcia, sua neta, menos a bisneta Mariana. Nesta reportagem está a descrição do encontro que tive com a escritora quando ela completava seus alegados 90 anos, em 2013. Eu me atrapalhei um pouco. E senti sua tristeza, sua revolta, a ponto de perder meu celular, não imagino como. Mas aqui ela fala coisas muito interessantes sobre a vida, seu amor a Cecília, seu apreço por Lobato, a falta do filho, o bilhete que alguém lhe deixou quando ela saiu intempestiva de uma palestra na qual ninguém parecia ouvi-la, a certeza de que se esqueceriam dela. Lygia foi para mim um espelho de amor, caso o amor pudesse espelhar-se.

Sobre a foto de Marcos Mendez, tirada para esta reportagem de 2013, aplica-se o bilhete que um admirador deixou para Lygia: “Não é loucura, teus livros já me afastaram do desespero. Beijos”

Lygia Fagundes Telles é uma só, e não há como compará-la com alguma coisa na literatura do Brasil. A Helga de seu conto homônimo, por exemplo, parece-se com ela, “uma manhã de bicicleta nas estradas impecáveis”, embora não se saiba como a manhã terminará, nem se a bicicleta restará inteira. Ao contrário de Helga, contudo, cuja perna mecânica significou capital roubado pelo noivo em núpcias, a particularidade de Lygia está no que jamais se desprende dela, nem na hora do amor. Ela vive como quem pressente. Seu assunto é a crueldade, ampliada pela escrita simples. Mas pode ser cruel quem sorri?

O sorriso de Lygia se oferece ao desconhecido, ao contrário do que lhe aconselhava a amiga Clarice Lispector. A autora de “Ciranda de Pedra” desafiou-a em todos os momentos nos quais estampou essa confiança nas fotos. Que sua face jamais parecesse turva. Ela era, pelo contrário, efusiva de exercer o ofício escolhido. Os lábios vermelhos, os anéis dourados, os brincos de prata, os lenços azuis. E foi sempre a mesma, impecável para o dia, enquanto ali, naquela noite escura onde se desenhava sua literatura, fazia crescer um turbilhão de desencontros, submissões e empreendimentos falidos. Era uma mulher do Brasil e ainda é.

Enquanto menina

Antes, uma menina. Completa 90 anos neste dia 19, mas o faz sem festa e com irritação camuflada. Aceita falar com toda a imprensa porque é preciso. Ela se vê viva nos jornais. “Se você achar Machado de Assis na lista de mais vendidos, eu lhe dou um doce. O povo analfabeto não sabe ler, só pensa em futebol, e o futebol está mal das pernas, hein?”, diz. Ela me pede que faça chegar ao prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, a solicitação que anteriormente fizera à presidenta Dilma Rousseff, creches e escolas para salvar o Brasil.

“Um país se faz com homens e livros, dizia Monteiro Lobato, mas onde estão os livros brasileiros? Só há estrangeiros entre os mais vendidos. ‘Dom Casmurro’ nunca apareceu numa lista. Nem os românticos, Álvares de Azevedo, Fagundes Varella, Castro Alves. Que esperança eu posso ter? Por que eu vou sobreviver? Não vou sobreviver nada. Enquanto estou viva, ainda lembram de mim, depois adeus.”

Por isso, talvez, não seja o caso de lhe pedir que acolha a celebração neste momento, embora ela tenha uma resposta pronta para rejeitar os parabéns. Tudo foi culpa da mãe. Desejosa de acender a vela de seus oito anos, ela encomendou bolo, biscoitos e balas para a filha caçula, mas ninguém apareceu. Lygia se esqueceu de entregar os convites. As festas de aniversário seriam terríveis dali por diante, mas ela aprenderia a pular a decepção. Como o pai lhe ensinou nas desastrosas idas ao cassino, a gente perde hoje, mas ganha amanhã.

Em seu apartamento paulistano naquele bairro dos Jardins onde mora há três décadas, depois da muito lamentada morte do crítico de cinema Paulo Emilio Salles Gomes, seu segundo marido, Lygia mostra que ainda está de pé. Quebrou o fêmur há quatro anos, anda de bengala, mas de pé permanece. Recebe a reportagem em sua mesa onde há livros, papéis e uma bandeja cortês na qual repousam uma garrafa de água e castanhas de caju sem sal. A mesa é grande, de madeira escura antiga, colocada na sala a certa distância da estante onde há livros e tantas fotografias. Nelas estão o pai, a mãe pianista, o avô que era coronel da guarda do Império, o filho, seu amor. Tudo se desfila e se embaralha nas estantes, como a memória apenas aberta com determinada chave. Lygia se senta na cadeira de encosto firme.

Com Paulo Emílio diante do túmulo de Karl Marx em Londres, 1970, em foto tirada por Vladimir Herzog

“Eu tenho uma vontade de permanência, acho que será isso. A vontade de não desaparecer”, diz ela do outro lado da mesa. Ela é quase uma diretora de ensino enquanto discorre sobre o valor que dá à eternidade. Paulo Emilio era ateu e comunista, como ela explica ao imitá-lo, o punho cerrado em braço estendido. E há outras provas de seu materialismo, como a fotografia que o amigo Vladimir Herzog fez do casal pouco antes de morrer, diante do túmulo de Karl Marx, em Londres. Contudo, ela que tanto protestou contra duas ditaduras, do Estado Novo e dos anos 1960, não responde se um dia acreditou no materialismo do alemão (Lygia passa por cima de muitas perguntas). 

Na infância gostava de padres, mas hoje prefere acreditar na transmigração da alma. Uma crença que mais parece literária, retirada daquele poeta que escreveu ter sido em vidas passadas um mancebo, uma donzela, um pássaro azul da floresta e um peixe mudo do mar. Ela jura gostar de orações, mas não se liga a igrejas. E faz o sinal da cruz como a se livrar do diabo, aquele com o qual deparou num voo para China. O demoníaco era um homem grande e descabelado que apagava o cachimbo com o polegar.

Com o primeiro marido
e o filho Goffredo

“Voilà. Prefiro que fiquem com minha obra e esqueçam meu aniversário”, ela diz, às vezes hesitante ao proferir a palavra “obra”, substituindo-a por “trabalho”, a mão percussiva sobre a mesa como a marcar uma inflexão para tantas histórias. Diante dela está o santuário. Um belo desenho de Darcy Penteado na parede, a representar seu filho Goffredo, criança de cachos, ao lado de seu ursinho de pelúcia. Abaixo da moldura, fica o urso ele mesmo, sentado de camiseta sobre uma pequena poltrona do outro lado da mesa onde se encontra Lygia.

Goffredo morreu em 2006, aos 52 anos, era o documentarista de sua vida e de outras, alguém cuja presença permanece intocada para ela nessa espécie de altar. A bisneta de Lygia, a pequena Mariana, ama o urso de Goffredo, como lembra sua neta. Lúcia é cotidiana e firme ao lado da avó. E há sua secretária de três anos, Regina, a auxiliá-la no trabalho atual de burilar histórias antigas de Lygia, como “O Tesouro”. “Meu filho era meu companheiro e eu procuro compensar essa dor com humor.”

Com Cecília Meireles,
no tempo de faculdade

Malgrado a angústia sofrida agora, Lygia nunca deixou de olhar para o passado. A experiência é um farol voltado para trás, dizia Pedro Nava, e com muito orgulho ela mostra à reportagem uma foto em que aparece, estudante de Direito no largo São Francisco, ao lado de Cecília Meireles. “Uma poeta maravilhosa, cujos versos me deram o título do livro A Noite Escura e Mais Eu.” Lygia convidou-a a fazer uma conferência no centro acadêmico nos anos 1940. “Eu era tão pobre que a gente não tinha carro, andava de bonde. Fui atrasada até Cecília, com um raminho de violetas na mão. Ela já estava na Estação da Luz, veio dormindo no trem de prata, ao lado do marido, o doutor Heitor Grilo. Pedi perdão e ela me perguntou em que hotel iriam ficar. Mas eu não tinha pensado em hotel nenhum! O doutor, que era rico, arrumou um lugar.”

Na faculdade de Direito, Lygia conta, era possível improvisar sobre uma canção em voga durante a Segunda Guerra: Quando se sente bater no peito heróica pancada, deixa-se a folha dobrada enquanto se vai morrer. A partir da canção, suas colegas (eram seis na heróica classe de Lygia) chegavam a paródias como esta: O menino que eu namoro e que me quer muito bem tem um sorriso que encanta, quinhentos contos também. A escritora ainda se lembra, com uma gargalhada, do versinho que Cecília lhes deu sobre a surrada melodia: Passarinho ambicioso, nas nuvens fez seu ninho, quando as nuvens forem chuva, pobre de ti, passarinho. “Aproveite esta história, é muito importante, inédita”, ela me aconselha.

Um Monteiro Lobato deslocado no
seu aniversário de 23 anos

É como se a cada grande personagem da literatura lhe correspondesse uma história peculiar. Monteiro Lobato, por exemplo, a quem visitara na prisão, esteve em sua indesejada festa de 23 anos. O olhar do escritor na foto em que está registrada a ocasião não esconde o assombro. Ele passava pela rua no momento em que a mãe de Lygia ia atrás do vermute e não viu jeito senão aparecer para agradecer-lhe a visita. Não é fácil enfrentar o desconhecido, como Lobato fez. A escritora experimentaria coisa parecida numa ocasião na faculdade de Direito. Ela se cansou da audiência que não parecia ouvi-la e se retirou dali rispidamente. Antes de chegar à porta, “um rapaz descabelado” lhe entregou um bilhete e saiu sem mais ser visto. Lygia ainda guarda o manuscrito: “Não é loucura, teus livros já me afastaram do desespero. Beijos.”

Ela tem a memória plena de versos e os recita com as mãos para o alto. E ainda se lembra da inscrição em latim naquele relógio de Paris: “Guarde somente as horas felizes.” É assim, alegre, que ela se recorda de grandes amigos como Clarice Lispector. Lygia não responde se a contraria que coloquem as duas num pódio de rivalidades literárias. “Clarice era ótima”, começa, rindo. “Não tinha amigas. Me dizia, com sua língua presa: ‘Não gosto de amiga mulher. São lésbicas. Eu não sou lésbica, eu gosto é de homem!’ E gostou de mim porque eu não era…” Lygia igualmente prefere o convívio masculino. “O homem é mais coração aberto. A mulher, mais perigosa. Serpente. Está na Bíblia. Ela vai deslizando pela grama, na sombra”, diz, representando com a mão direita um rastejar sinuoso. Quando Lygia fala, é como se escrevesse um conto. E se lhe fosse permitido reencarnar, ela fugiria como do diabo da ideia de voltar menina.

Vivinha, a dama, o riso

Estive com Eva Wilma em 2008. Vivinha tinha então 75 anos, era sorridente, engordara uns quilos e usava vestido verde. O verde me perturbou. Eu só pensava em meu pai, que disse ter chamado a atenção dela na juventude ao usar um terno de mesma cor. A atriz achou a história estranha e justamente dela não riu, se bem me lembro. Me atrapalhei. Eva, que morreu agora como consequência de um câncer, emanava poder. Declamava Millôr de cor e naquela ocasião me contou que escrevia um diário sem pensar em publicá-lo. Ser atriz, disse-me ela, que sonhou em se tornar bailarina, não representava um chamado quando optou pela carreira: “O chamado era a época”

Eva Wilma, culta, brilhante,
transformou em bordão a fala
de uma amiga pernambucana:
“Thank you very much, viu, bichinho?”

A DAMA QUE RI

 

A atriz Eva Wilma revê uma carreira vitoriosa, marcada pelo humor

 

Por Rosane Pavam

 

Diante desta Eva que é o princípio, um interlocutor pode se sentir perto do fim. A história de Eva Wilma, que fez grande carreira no teatro, na televisão e no cinema, intimida quem a analisa. Acontece, contudo, de a personalidade de Eva distanciar-se da altivez. Ela ainda assanha os olhos, delineados a lápis, na direção de quem a observa. Sobretudo, depois de 55 anos como atriz, usa uma arma incomum para quem é dama. O humor.

 

Fazer rir não parece permitido às mulheres bonitas. Eva Wilma contrariou a interdição. Foi uma das mais belas desde a fundação da televisão no Brasil, em 1950, mas manteve o pé no riso, a seu ver um instrumento reflexivo. Integrante do Balé do IV Centenário, ela não começou como atriz. Em sua primeira aparição na tevê, em 1953, compartilhou com o primeiro marido, John Herbert, historinhas diferentes sobre o encontro de um homem e uma mulher na sitcom Alô Doçura. O humor apareceu nos dez anos em que a série durou.

 

Não que Eva Wilma tenha se sentido predestinada a ser atriz. Teria sido bailarina se houvesse aparecido a chance real. Seu pai, o alemão Otto Riefle Jr., perdera o emprego em 1929, sem jamais se recuperar financeiramente depois, e Eva não tinha irmãos com quem contar.

 

“O chamado era a época”, ela avalia hoje. Quem a convidava simultaneamente a interpretar eram Luciano Salce, da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, José Renato, do Teatro de Arena, e, na tevê, o apelo era de Cassiano Gabus Mendes. Resistir aos três seria para rir. Como bailarina, ela aprendera que ou se debruçava sobre a barra ou não dançava direito. Para uma atriz, a barra equivalia ao estudo do personagem.

 

Ficou clássica a sua interpretação para Raquel, a gêmea má de Ruth na novela Mulheres de Areia, de Ivani Ribeiro, em 1973. Eva se transformava então na vil-má, qualificativos que ela lamentava haver em seu prenome, conforme contou à escritora Edla Van Steen na biografia ilustrada Arte e Vida (Imprensa Oficial). A maldade de Raquel, contudo, apegava-se ao cômico. Era bom ser gozadora e atraente. Raquel jogava a cabeça para trás, mostrava os dentes e brandia o revólver como se fosse um brinquedo. A boazinha Ruth usava lenço na cabeça, prendia o cabelo de lado com a presilha, rejeitava os óculos escuros e, principalmente, não gargalhava.

 

Tudo muito simples, mostrado desde o início como truque. Por desempenhar tão bem duas personalidades diferentes em Mulheres de Areia, seria natural que ganhasse o Troféu Imprensa, prêmio concedido aos melhores da tevê. Quem levou a láurea de melhor atriz naquele ano, contudo, foi Regina Duarte, que representara duas mulheres em uma (a menina pobre e tímida que passava a intrépida e rica) na novela Carinhoso.

 

Regina Duarte era já amiga de Eva Wilma à época. Conhecera a atriz garota, ao atuar com ela em Blackout, com direção teatral de Antunes Filho, em 1967. Regina declinou do prêmio em favor de Vivinha, como ela e os amigos ainda a chamam. O gesto se tornou comoção nacional naquele 1974. Eva Wilma assistia à cerimônia sentada no sofá de casa. “Surpresa como estava, só pude ligar para a Regina e lhe mandar flores.”

 

Na televisão, acredita a atriz, é raro haver este espaço para exercer a ironia, à moda do que ela fez em Mulheres de Areia. “Como não temos tempo para nada, estudo ou concentração, e nos aquecemos na tapadeira, atrás do cenário, ainda por cima falando sozinhos, não deixamos passar a oportunidade da ironia quando ela surge. Ser irônico, neste caso, equivale a comentar toda a situação.” A história se repetiu de certa forma anos depois, em 1996, quando ela se deliciou ao interpretar Maria Altiva Pedreira de Mendonça e Albuquerque em A Indomada, de Aguinaldo Silva, e improvisar o bordão da vilã, aprendido com uma amiga pernambucana: “Thank you very much, viu, bichinho?”

 

Agora que Eva Wilma, aos 75 anos, surge para uma leitura de textos representativos de sua carreira, costurados por ela e pelo autor Antonio Gilberto, em Um Brinde ao Teatro, dia 27, no Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo, e que reestréia em São Luís a peça O Manifesto, de Brian Clark, agora na companhia do ator Pedro de Camargo, esta passagem que ela faz como poucos, do drama ao humor, e do humor ao drama, vai estar mais clara para o espectador.

 

Eva estudou para ser ambígua, para colocar algo de seu na personalidade dramática de seus personagens. Quem primeiro a obrigou a isso foi Antunes Filho, diretor do policial Blackout, sucesso de público e crítica ao lado de Geraldo Del Rey e Stênio Garcia. Para compor a personagem frágil pela cegueira, e que de repente investia contra os bandidos com uma faca de cozinha, ela leu o capítulo sobre dialética do livro Princípios Fundamentais da Filosofia, de Georges Politzer. Eva apelidou o livro de “meu pequeno operário”.

 

Dois anos antes, o diretor Sergio Luis Person a convidara a São Paulo S.A., filme no qual a personalidade da protagonista era desenhada com idêntica surpresa. A Luíza simples parecia acreditar no futuro industrial de São Paulo, mas seus olhos indicavam que ela esperava o pior. Eva Wilma apenas diz que se divertiu muito com Person, e que o filme a levou a Acapulco, onde ocorria o Festival dos Festivais. Lá, ela encontrou o diretor espanhol Luis Buñuel, admirador da obra. O filme, que rendeu prêmios a Eva, já valera por este encontro.

 

“Começamos a crer, emocionados, que o mal nem sempre vence”, diz o prólogo que Millôr Fernandes escreveu para Antígone, de Sófocles, e que Eva declama no saguão de um prédio paulistano. No edifício ela comprou um apartamento há quase três décadas, por iniciativa de seu segundo marido, o ator e diretor Carlos Zara, morto em 2002 de um câncer no esôfago. Eva ainda se emociona quando fala deste homem que ela amava e que sabia sempre por onde andar e o que fazer.

“O mais difícil da luta é escolher o lado em que lutar”, termina o prólogo de Millôr.

Eva, a segunda à esquerda, entre
Tônia Carreiro e Odete Lara, em passeata contra a censura, 1968:
“O mais difícil da luta é escolher o lado em que lutar”

Eva também gosta de escrever, à mão, em um diário que não imagina publicar. “Não acredito que já tenha realizado tudo o que gostaria de realizar. De alguma maneira a juventude me parece mais próxima do que quando eu era jovem”, ela escreve. De tudo lê um pouco, como os textos do mambembe Airton Salvanini. Agora, dedica-se a um novo esporte: “Arrumação, você conhece?” O site de buscas google a libertou do desperdício de materiais representado pelos volumes da Enciclopédia Britânica.

 

Riam, mas não brinquem, com a Eva Wilma ética que, algo defendida pela notoriedade, caminhou contra a censura em 1968, para não mais se intrometer na política de candidatos. E jamais façam como o diretor inglês Alfred Hitchcock, que a convidou a um teste, naquele ano fatídico, para participar do filme Topázio. Durante a análise, ele a provocou em inglês. Irritada, Eva Wilma argumentou que jamais conseguiria responder à provocação em língua que não fosse a portuguesa. “Pois responda na sua língua”, ele a desafiou. Eva então lhe falou tudo o que ele não poderia compreender. Não ganhou o pequeno papel, que passou a uma alemã, Karin Dor. Topázio não fez o sucesso esperado, mas, ainda assim, ela teria adorado estar nele. Neste caso, Eva riu por último, mas não riu melhor.