Carnaval é preciso

Doris Day, cabelos hipnóticos, e Thelma Ritter, a incrível, em “Pillow Talk”, de 1959: embriagai-vos de comédia

Hoje só consegui suportar o dia com muita comédia nas veias.

Até revi “Pillow Talk” (1959), que continua gracioso por conta do Rock Hudson, da Doris Day, do Tony Randall e, principalmente, da sábia popular Thelma Ritter de sempre, desta vez embriagadíssima, que atriz incrível!

Amei o filme como o amava desde as Sessões da Tarde, apesar de hoje constatar ali mais uma repetição do destino urdido à mulher desde os anos 1930 e do furibundo código Hays. O casamento como único caminho para a felicidade feminina! O casamento como fim, o fim!

Apesar disso tudo, aprecio no filme outras coisas, os efeitos cômicos de surpresa, a intensa preparação corporal dos atores, seus olhos que crescem, os cabelos hipnóticos, suas máscaras que nos movimentam até um éden momentâneo.

Doris e Rock Hudson: o casamento como fim, o fim!

Meu caçula, um feminista, riu comigo de muitas passagens picantes-inocentes que furavam a censura pelos diálogos dúbios.

A comédia é uma pulsão de cura. Comediantes, a quem sempre se atribui menos, são natos, e eu os louvo em sua eternidade.

E preciso de mais!

John Cleese, participação especialíssima em “Will and Grace”

Na linha de “Pillow Talk”, vou esgotando os episódios da já tão anacrônica série de tevê “Will and Grace” (1998-2006), com sua mistura de Doris e Rock, Lucille Ball e Desi Arnaz, de Thelma Ritter e Mary Tyler Moore, de Jerry Seinfeld e o escambau.

Preciso de humor, de festa da carne, de carnaval. E “Will and Grace” já me tirou de poços profundos…

Carnaval ou Morte! – digo então ao apontar para esta senhora que atualmente é a mais deselegante representação do Brasil.