Minha conversa sobre “Carnival Strippers”, de Susan Meiselas, no IMS

Rosane Pavam durante conversa na galeria do IMS sobre Susan Meiselas. Foto de @OlgaVlahou

https://youtu.be/MO9lqIZ8Ryo

https://ims.com.br/exposicao/susan-meiselas-mediacoes-ims-paulista/#videos

Lorca no espelho

“Pipas 096”, 1997

Satisfatória. Assim muitas vezes German Lorca se refere a cada etapa de sua obra durante o minidocumentário dirigido pelo filho José Henrique e exibido na retrospectiva “German Lorca – Mosaico do Tempo, 70 anos de fotografia”, no Itaú Cultural, em São Paulo.

Um artista que classifica como satisfatório cada passo de seu trabalho deve falar a verdade. Não se vive no mesmo patamar, alto ou baixo, quando se produz algo de valor indefinível como a arte. Satisfaz-se com ela. Ou não se satisfaz. E segue-se adiante. Sem que quase ninguém, exceto talvez o artista, consiga entender por quê. A arte está no futuro que dificilmente nos cabe ver.

“WTC Reflexo”, 1970

Em 96 anos de vida, 70 de fotografia, German Lorca segue sempre. Não só por São Paulo, vejam. São Paulo quase não está em jogo aqui. Sua cidade não é documental. O fotógrafo olha para si.

E está armado da ideia de satisfação. Se ela não existe ainda, eu devo procurá-la. Sorrio enquanto caminho. E devo seguir longevo, lúcido, agitado e feliz, mesmo se a procura é dura. A indefinível pirâmide, somente eu posso ver. E estou chegando lá!

“Vaticano colunas”, 1970

Apenas suas fotografias não sorriem. São sóbrias declarações da difícil permanência humana entre as quatro ou mais linhas do campo da vida em que se deve jogar.

Às vezes, são fotos que aspiram ao encaixe, à iluminação, à elevação, como esta do menino que empina pipas.

“Parque Dom Pedro”, 1949

Às vezes, são espelhos de desdobramentos, de inquietudes de quem se perde na cidade  e se fere por seus ângulos, ou busca clareiras.

Às vezes, ele queima por dentro, como quando adota o processo de solarização, aquele em que faz rápida exposição da imagem à luz durante o processamento do filme…

A hora em que o diabo entra!

“Diable au corps”, 1949

Lorca descreve linhas. Vive por elas. Tenta delimitá-las. Elas estão por toda parte, especialmente quando ele faz “arte”.

Sim, porque ele tem esse modo de dizer: quando não trabalho, quando não negocio, sou artista.

E, quando trabalho, tenho felicidade do mesmo modo.

“Moda”, 1960

Mas sempre procuro a linha. Preciso dela. Meu canteiro. Pra trabalhar, pra viver. Fujo dela enquanto a persigo. Gatos e ratinhos.

“Trópicos ou Homem com Guarda-Chuva”, 1951

Esta exposição começa com seus selfies, a provar o que todo mundo a esta altura já sabe, que os selfies, ou autorretratos, existem desde muito antes da internet, desde que o homem começou a fazer parte de um concerto (ou conserto) de ideias, de um ideário do capital. Quando o sistema, antes religioso e perene, disse ao homem “vire-se, você está só”, ele não teve jeito senão parar de olhar um pouco para deus, engolfando-se em si.

Selfies!

O intenso, em Lorca, é que ele faça essa autoprocura muito além dos selfies (que, me perdoe a curadoria, não deveriam começar a exposição, visto que no fim das contas se tratam de ilustrações rasas da personalidade do artista, brincadeiras de esconder).

Sua autoprocura tem, pelo contrário, algo de fé. Ela se expressa não só quando Lorca exibe homens e mulheres religiosos vestidos à maneira medieval, misturados em tarefas tão mundanas como atravessar a rua com uma criança ou pegar a barca enquanto lê um jornal.

“Irmã de caridade”, 1970

Lorca é religioso quando busca um princípio, uma devoção, um centro, quando deixa escapulir pelo Anhangabaú a girafa de um trabalho de publicidade e a coloca em um cercado à vista de todos.

“Ford Jeep Girafa”, 1962

Não é uma imagem fácil de ver.

Todos estão à volta se situam entre o sorrio e o calafrio.

A girafa pode fugir.

A girafa é ele. É seu trabalho.

Grande por se conter.

Mas não lhe peçam contenção, ok?

Para ler Irving Penn

“Sombra de chave, arma e fotógrafo”, 1939

O que vou dizer aqui é muito peculiar.

Mas este é meu blog mesmo.

Esta sou eu.

Fui percorrer Irving Penn cheia de esperança e voltei cabisbaixa.

Admiro seus retratos, mas a experiência da exposição no IMS-SP me cansou um pouco.

O trajeto, retrospectivo de seu centenário de nascimento, parecia apresentar o autor em ângulo idêntico.

Ou seria má decisão curatorial, mesmo, repetir suas imagens…

Tudo mastigado e desvitalizado.

(Seus torsos e cigarros eram estudos, porém quase apresentados como colecionismo. E quem precisa de mais fotógrafos-colecionadores?)

Uma natureza morta bem morta.

E o tão citado retrato da Audrey Hepburn me assustou.

Um tal de torcer o retratado e submetê-lo a um esquema!

Audrey Hepburn, 1951

Mas pelo menos a Audrey riu dele, um sorriso com estranhos lábios de palhaço.

Gostei muito de algumas imagens, contudo, especialmente as placas e sombras que ele perseguia no começo.

Em 1941

Adorei ver seus personagens já esquecidos pelo contemporâneo, como T.S. Eliot, Balthus, Carson McCullers ou Spencer Tracy.

Carson McCullers, 1950
T. S. Eliot, 1950
Balthus, 1948
Spencer Tracy, 1948

 

Interessantemente obsessivas suas geometrias em V!

No mais, penso que Penn, ele mesmo, se cansava de fazer tudo tão igual e ia ao laboratório se divertir, turvando as imagens com novas camadas de química, como mostra uma sequência interessante exibida lá.

Saí do IMS querendo esfumaçar eu mesma todas as imagens do artista.

Flamejar?

O público de hoje era majoritariamente da moda.

Parecia desconhecer que tudo aquilo teve um antecedente com grande frescor, como a obra de Martin Munkacsi, suas modelos no ar, ou de August Sander e seus retratos de açougueiros, de homens em suas profissões (que Penn refaz de maneira caricatural, um procedimento constante, aliás).

Quase interrompi uma conversa de apreciadores que viam pioneirismo na exposição inteira, mas disse a mim mesma: “Menina, quieta, como assim?”

Tudo parecia carecer de movimento.

E eu me sentia meio claustrofóbica.

Mudou o Natal ou mudei eu?

Vou de German Lorca logo mais e espero viver a alegria de sempre.

Não percam o Carlos Moreira na galeria Utópica, hein?

A ferrugem das ruínas

Exposição no CCBB-SP mostra um estado crítico para a produção artística africana contemporânea

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Juiz de futebol, rei dos reis, por Omar Victor Diop

Nunca fui à África, mas sei que lá estão minhas origens, como a de todos os brasileiros. Meu avô materno falava aramaico, a dita língua de Cristo, por sua vez um histórico personagem negro. Minha pele é clara, contudo. Isto resulta em que eu não sofra a tortura cotidiana de restrições sociais e policiais vivida pelos negros em meu país. Permitam-me que mergulhe no espelho do continente e considere a exposição que descrevo a seguir um momento fundamental para nossa cultura de existência e resistência.

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O curador Alfons Hug (centro) detalha suas escolhas para Ex Africa na sessão Explosões Musicais (Foto de Rosane Pavam)

Ex Africa (Da África) é o nome que o alemão Alfons Hug, curador de duas edições da Bienal de São Paulo (2002-04), duas vezes representante do pavilhão brasileiro na Bienal de Veneza, antigo diretor do Instituto Goethe no Rio de Janeiro e em Lagos, na Nigéria, e há quatro décadas pesquisador na arte daquele continente, deu à exposição que organiza. A mostra, com cerca de noventa obras, fica em cartaz no CCBB-SP até 16 de julho e segue para Rio de Janeiro e Brasília.

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Brasil, 2016, por Arjan Martins: afrodescendência
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Ex Votos, do brasileiro Dalton Paula

O objetivo da exposição é promover um panorama abrangente (artes plásticas, música, performance, instalações, fotografia) da produção contemporânea africana. Dois brasileiros afrodescentes, Arjan Martins e Dalton Paula, mostram ali também suas obras dedicadas à herança africana.

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A nigeriana Ndidi Dike, única mulher presente na mostra

Apenas uma mulher tem seu trabalho integrado à mostra: a nigeriana Ndidi Dike, com Exchange for Life, uma coleta de materiais ligados ao sofrimento do escravizado. Correntes, algemas, balas e cartazes de oferta e procura por negros compõem sua breve e aterrorizante instalação sobre a crueldade europeia, erigida no continente a partir da partilha africana, no século 19. A ausência feminina é explicada por Hug como uma decorrência de sua marginalização social e comercial em dois séculos. Aos poucos, ele crê, o mercado e as feiras começam a reconhecer as obras das mulheres. Por aqui, talvez tivesse faltado evidenciar a obra de uma artista crítica como Rosana Paulino, a evocar a ancestralidade do sofrimento negro. 

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Exchange for Life, de Ndidi Dike: objetos para escravizar

Para Hug, o contemporâneo é como que o esvaziado. Ou o que cresce. O que se ergue depois de uma criminosa intervenção. Ou o que ainda se pode dizer artístico, não importa a partir de que materiais ou orientações de pensamento. Como curador, ele parece buscar as inquietações, não as respostas. As formulações para uma arte crítica.

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Geometry of the passing, de Youssef Limoud, a desintegração marrom

Parece encontrá-las em trabalhos como Geometry of the passing, de Youssef Limoud, uma investigação sobre a ruína a se abater sobre o continente. Sua obra, que ele considera a mais valiosa de Ex Africa, é como uma maquete da destruição, composta a partir do marrom da ferrugem. O mesmo marrom, ele explica, dificilmente obtido hoje, quando a produção artística é demasiada e impede a fixação do tom. Os pintores do Barroco, sim, usaram-na bem. Mas eles podiam deixar a tinta descansar por períodos de um ano até que a deitassem em suas telas.

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Fragments White Cube Bermondsey, pelo ganês Ibrahim Mahama: meus caixotes, minha vida (Foto de Rosane Pavam)

Uma imensa instalação de abertura, Fragments White Cube Bermondsey, pelo muçulmano ganês Ibrahim Mahama, dimensiona a arquitetura da pobreza com caixotes.

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Desenhos de Lagos, do nigeriano Karo Akpokiere

As telas ainda são a principal orientação clássica entre as obras brasileiras e africanas. Contudo, como de uso, estão na fotografia e no desenho (como o do nigeriano Karo Akpokiere) os experimentos mais críticos e realistas deste período. O fotógrafo senegalês Omar Victor Diop faz o retrato dos futebolistas como novos imperadores. Reveste de nobreza seu perfil ao parafrasear as séries de Jean Michel Basquiat sobre os heróicos esportistas negros.

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Nairóbi, 2014, pelo sul-africano Guy Tillim

Escolhidas por Hug, as fotografias de Guy Tillim, que descortina as ruas, do retratista nigeriano J. D. ‘Okhai Ojekere (um antecessor de Diop) ou do fotógrafo sul-africano de ambientação interna Andrew Tshabangu, a evocar o americano Walker Evans, nos fazem caminhar por dentro de cada país segundo um entendimento ocidental anterior. Sob a mesma abordagem, mas rica em transparências, a instalação Ponte City, de Mikhael Subotzky e Patrick Waterhouse, sobrepõe a exibição contínua, por meio de um projetor, da ocupação de um edifício outrora de alto padrão em Joanesburgo.

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Beri Beri, do nigeriano J. D. ‘Okhai Ojeikere 
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Interior de um quarto, pelo sul-africano Andrew Tshabangu
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A instalação Ponte City, em Joanesburgo, por Mikhael Subotzky e Patrick Waterhouse 

A exposição se divide entre os eixos Ecos da História, Corpos e Retratos, O Drama Urbano e Explosões Musicais. Nesta última sessão exibe-se o convencionalismo do funk ostentação em línguas diferentes. E lá estará a enorme qualidade do angolano Nástio Mosquito, a ecoar David Bowie em Hilário.

A sessão musical, que insere a produção da indústria cultural africana como provocativa oposição à musicalidade de raiz, ainda presente no continente, talvez deixe o visitante com um sabor amargo, de ferrugem das ruínas.

O encanto clássico em Basquiat

O artista, cuja retrospectiva no CCBB percorre o Brasil, usou a harmonia geométrica para retratar sua vivência nova-iorquina em telas, gravuras e desenhos de extensas camadas

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Jean-Michel Basquiat em 1982, por James Van Der Zee

Sinto carinho pela ambiguidade enquanto fujo dela. Tudo o que escrevo tem dois, três lados, mesmo que eu os pretenda um só. Encho as frases com camadas que gosto de retirar em solidão. O que escrevo sou eu, e quem me entende sofre comigo. Espero que sorria também, às vezes.

Não se torna surpreendente, portanto, que eu tanto tenha gostado daquelas oitenta obras de Jean-Michel Basquiat em exposição no CCBB-SP, pertencentes à família Mugrabi e selecionadas pelo curador Pieter Tjabbes para circular pelo Brasil durante todo este ano. Principalmente dos desenhos, quase ocultos (não os perca), porque o mercado os valoriza menos e, por consequente, a exposição os exibe em curto espaço.

Gosto desse Basquiat como a um semelhante, diverso de mim, claro, pela liberdade propiciada por seu gênio incomum. Um artista ambíguo plenamente, enquanto simples, a conversar com nossos tempos.

Uma imagem que ficou comigo foi esta aqui embaixo, “Cabeça”, realizada entre 1980 e 1985, lápis e crayon sobre papel. Ela não é tão impressionante quando reproduzida. Contudo, ao vê-la tão de perto, apesar do vidro que a recobre, um encanto aparece.

Cabeça, lápis e crayon sobre papel, 1980-85[/
O encanto, a meu ver, é a justaposição onipresente. A cabeça aberta explode em miudezas no topo aberto e faz saltar os olhos da caveira (o paradoxo de haver um olhar entre os ossos). As camadas se acumulam na figura e quase se desprendem dela. É um desenho que deriva da inspiração no guia anatômico ” gray anatomy levado a seu leito de recupera na inf basquiat sofrera um acidente que lhe danificara style=”font-weight: 400″ o ba e quebrara seus bra desde ent tivera muito tempo para ler desenhar pensar. src=”https://rosanepavam.files.wordpress.com/2018/02/cabeca-basquiat-detalhe-1.jpg” class=”size-full wp-image-2096 alignnone”>

Cabeça, detalhe: a inspiração renascentista para expressar o desajuste

Sua cabeça parecia ser aquela, ambígua e inclusiva dos pensamentos, perceptiva dos sons que até mesmo exercitara na banda noisy Gray, pop de adolescência. Cabeça é confusa, multifacetada enquanto rígida, obediente aos padrões renascentistas de Leonardo da Vinci, outro a quem consultava sempre. Todas as composições de Basquiat são plenas de geometria, intercaladas por frases, coroas, estrelas, ossos, dentes ou braços em aparentes desajustes.

Ele risca as palavras para ressaltá-las. Ou as esconde em camadas de branco, como em “Vista lateral de uma mandíbula de boi”, acrílica sobre tela de 1982.

Vista lateral de uma mandíbula de boi, acrílica sobre tela de 1982: o brilho das camadas

O importante não é o visível. O importante é o que você está por ver.Ele parece brincar com o pentimento, a camada de pintura ressurgida nas telas dos renascentistas. Uma brincadeira para se proteger do que seria inevitável com o decorrer do tempo, que no seu caso não foi muito: despontou no mundo da arte aos 19 anos e morreu de overdose em 1988, aos 27.Ao crítico Henry Geldzahler, aquele que desdenhara de seus cartões postais vendidos de porta em porta quando tinha 16 anos, disse que temia ver uma de suas camadas explodir aos olhos do observador. “Em uma de minhas pinturas, alguém está segurando uma galinha. Mas, embaixo, a galinha é a cabeça de alguém.” Basquiat era resultado de seu mundo nova-iorquino. Filho de classe média do Brooklyn, de pai haitiano e mãe porto-riquenha que o levava ao museu, e inadaptado à escola comum, estudara na alternativa City as School, conhecida por valorizar o ambiente em torno no aprendizado. Como Chagall, retratara sua tumultuada aldeia de sonhos com os olhos no passado. E queria ser entendido igualmente como artista.Desejava ganhar bastante bem com o que era seu (dizia pintar vestido de terno Armani, como na célebre foto feita por Lizzie Himmel para a revista do New York Times em 1985). E lutava em tempo integral contra o racismo. Embora o mercado de arte o tenha feito rico, ele não pegava facilmente um táxi à porta da galeria onde seus trabalhos eram expostos… Nas telas, seus negros eram heróis homenageados, como o corredor Jesse Owens e a cantora Dinah Washington.moises jovem 1983 basquiat-1

Lombo, acrílica, bastão de tinta a óleo e pastel sobre tela, 1982: a marca da coroa, sangue e ossos

Ele diz a Geldzahler: ” gosto mais das telas em que n pinto tanto onde h apenas uma ideia direta. muitas minhas pinturas t duas ou tr dentro delas. temo no futuro partes despencar e algumas cabe recobertas v aparecer. style=”font-weight: 400″ andy warhol trabalhou entre a parceria propiciou s de quadros expostos ccbb l dessa tridimensionalidade not nas autoria solit>

Dois cães, de Basquiat e Warhol, acrílica e tinta de serigrafia sobre tela, 1984: versão límpida

As colagens em papel são quase infantis, como se Basquiat debochasse de Picasso e de seu cubismo, este que parecia apenas modernizar ao burguês a pintura clássica. A harmonia áurea, ele exercia dentro da instabilidade.

Graffiti representou uma parte pequena de seu mundo, pelo menos menor do que aquela revelada pelo contemporâneo Keith Harring. Pintar paredes foi seu universo de começo, no qual experimentou brevemente a condição de sem-teto. Desenhou sobre tudo o que achasse possível, como vestidos ou portas (a exposição mostra uma delas, de uma das casas que dividiu com amigos). atletas negros famosos 1980 1981-1

Atletas negros famosos, acrílica e tinta sobre porta, 1980/81

Usou madeiras encontradas no lixo como suporte de telas. Como Picasso, pintou pratos com figuras que lhe vinham à cabeça. Alfred Hitchcock, cineasta que amava. Ou Warhol, seu “menino-gênio”.

Em 1983, Henry Geldzahler lhe perguntou: “Existe raiva no seu trabalho hoje?”

Ele respondeu: “Mais ou menos oitenta por cento.”

O crítico insistiu: “E há humor também.”

Basquiat: “As pessoas riem quando você cai de bunda no chão. O que é humor?”

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Jean-Michel Basquiat em foto de Lizzie Himmel, publicada em 1985 na capa da revista do The New York Times: o que é humor?

Jean-Michel Basquiat no Centros Culturais Banco do Brasil

De 25 de janeiro a 07 de abril de 2018 – CCBB de São Paulo

De 21 de abril a 01 de julho de 2018 – CCBB de Brasília

De 16 de julho a 26 de setembro de 2018 – CCBB de Belo Horizonte

De 12 de outubro de 2018 a 08 de janeiro de 2019 – CCBB do Rio de Janeiro

Entrada gratuita. Para todas as idades.